quinta-feira, 14 de julho de 2011

El Guincho, Rainbow Arabia, Red Orkestra e Do Amor
no Manta 2011, em Guimarães
El Guincho
À semelhança dos últimos anos, em Julho, o magnífico jardim do Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, volta a ser palco de mais uma edição do Manta. Este ano, os concertos têm entrada livre, decorrem em dois fins-de-semana – 15 e 16, 22 e 23 de Julho – e estendem-se à cidade de Guimarães.
O Manta consuma-se, cada vez mais, numa celebração cultural de tendências pop/rock emergentes de carácter autoral, que se propaga à cidade na forma de forte vibração cosmopolita. Para além do cartaz central de concertos internacionais que decorrem no jardim do CCVF, serão realizadas actuações ao final da tarde, às 19h30, no centro histórico de Guimarães, mais concretamente na Praça de Santiago, e sessões de clubbing pós-concertos.
A programação do centro histórico da cidade é formada por um conjunto de 4 projectos nacionais, com perspectivas de afirmação criativa no espectro musical português. Dan Riverman (15 de Julho), Cosie Cherie (22 de Julho) e Lost Michi (23 de Julho) aceitaram o desafio para realizar um showcase de antecipação dos respectivos álbuns de estreia. Sobressai nesta colecção de artistas a mestria de escrever e cantar canções, de forma muito particular. E finalmente a completar o cartaz uma proposta mais diferenciada de Peixe (16 de Julho). O ex-Ornatos Violeta apresenta-nos um trabalho instrumental de guitarra que será editado futuramente.
As propostas internacionais para o jardim do Centro Cultural Vila Flor são diversificadas e na sua maior parte... estreia absoluta em Portugal. Começamos a viagem, no dia 15 de Julho, com o consagrado projecto El Guincho (ES), que representa o que de melhor se cria em Espanha a partir de uma realidade local, mas com ambição artística global. Seguimos, a 16 de Julho, com o aclamado projecto de LA, Rainbow Arabia (USA), que gravou recentemente o seu novo álbum para a editora germânica Kompatk, muito influenciado pelas raízes dos anos 80.
No segundo fim-de-semana, dia 22, promovemos a estreia em Portugal do quarteto Red Orkestra (CAN) liderado pelo carismático Johnny Charmer, projecto na linha da melhor música folk feita no Canadá e fechamos o Manta, no dia 23, com o surpreendente novo super grupo Do Amor (BR) que reúne músicos da banda que acompanha Caetano Veloso e também Los Hermanos, e do qual dizem ser “os Talking Heads de Belém do Pará, criados no Rio, de férias em Brooklyn”. Os concertos têm início às 23h00. A entrada é livre.
Poderemos assim projectar o Manta como um evento que valoriza a criação contemporânea inspirada na melhor tradição cultural do planeta. Um evento que se edifica a partir do Centro Cultural Vila Flor e se estende em direcção à cidade de Guimarães, com o mundo todo lá dentro.
El Guincho (ES)
O espanhol Pablo Diaz-Reixa é o mentor do projecto El Guincho, um exemplo bem sucedido da multiculturalidade do mundo. Definir esteticamente a música que lhe rendeu um estatuto de reconhecimento planetário é um grande desafio, sobretudo quando detectamos elementos de Afro-beat, Dub, Tropicália e Rock'n'Roll na mesma base de composição. Mas se utilizarmos as suas próprias palavras chegaremos ao termo “'space-age exótica”. El Guincho torna-se ainda mais irresistível quando sobe ao palco em formato banda - em trio - contagiando a plateia para um ambiente de festa sem retorno. Em suma, poucos conseguiram em 2 álbuns criar um som tão único e tão contemporâneo, resultante da fusão quase perfeita de tão distintos ingredientes musicais. Mérito deverá ser também atribuído a Jon Gass na mistura do terceiro álbum Pop Negro. E eis-nos chegados à palavra que de facto consagra El Guincho como artista pleno: POPular. Apesar da sua sonoridade dita emergente, conseguiu através de uma certa originalidade conquistar um estatuto artístico que será altamente apreciado na noite de abertura do Manta. Na verdade será nessa relação imprevisivelmente criativa que El Guincho trava com o mundo, que o artista busca a distinção. Essa capacidade de captar as coisas simples do quotidiano e transformá-las num acto de partilha cultural.
Rainbow Arabia (USA)
Os Rainbow Arabia são um casal de Los Angeles - Danny and Tiffany Preston - que começaram a criar música a partir da compra de um sintetizador Libanês como forma de escapar à rotina laboral imposta. Rapidamente as demos se concretizaram no álbum de estreia “The Basta”. E não foi necessário muito tempo para serem aclamados por publicações tão insuspeitas quanto a Pitchfork, The Fader, NME ou XLR8R. No ano de 2009, os Rainbow Arabia cumprem a primeira etapa na quebra de barreiras geográficas: realizam um tour pela Europa. Essa experiência provocou um amadurecimento no projecto e na sua arte de criar canções. Haveria de surgir como consequência um novo álbum – “Boys and Diamonds” gravado para a reputada editora germânica Kompatk – inspirado nas influências dos anos 80, sobretudo a partir das memórias musicais de Tiffany, cujas preferências incluíam os Love and Rockets ou OMD, mas ao mesmo tempo incorporando elementos de géneros mais inovadores como o Dubstep ou o Hip Hop. E assim criaram uma realidade muito sua que mais uma vez se inscreve na grande família da Pop. Ao vivo, os Rainbow Arabia tornam a sua sonoridade mais orgânica, soltando as suas emoções criativas através dos instrumentos e de uma forte vertente comunicativa. A sua qualidade artística colocou-os no mapa global e em extensa digressão pelo mundo. No Manta farão a sua estreia absoluta em Portugal, num momento de grande afirmação da cultura musical contemporânea.
Red Orkestra (CAN)
A Red Orkestra chega-nos do Canadá, um dos maiores exportadores mundiais de talento no domínio da música Pop. Projecto liderado por Johnny Charmer, este quarteto inscreve-se no chamado folk alternativo. Com 3 álbuns já publicados e o quarto em processo de gravação, tem no seu disco de estreia “After de Wars” uma peça histórica por se ter consumado no primeiro CD alguma vez comercializado sob licença da Creative Commons - permitindo aos fãs copiarem legalmente as suas músicas. O último trabalho de Johnny Charmer / Red Orkestra – “All is Well in Heaven and Hell” - foi descrito como um sussurrante furacão de músicas folk altamente introspectivas e auto-biográficas, um autêntico testamento de sentimentos e emoções cruas e honestas. Neste trabalho, Johnny acompanha a sua voz e as suas letras pessoais e poéticas só com a guitarra de Steve Parkinson, podendo ser comparado a um Nick Drake do século XXI no que à intensidade frágil diz respeito. Com estreia absoluta no nosso país marcada para o Manta 2011, a Red Orkestra poderá finalmente revelar-se ao público como o último bem guardado segredo do território folk canadiano.
Do Amor (BR)
O Brasil é um país culturalmente surpreendente. Este projecto reforça essa qualidade nativa do país. Chamam-se Do Amor e se pelo nome não são muito conhecidos, o mesmo não se poderá dizer dos músicos que os constituem. Dois têm integrado a banda de Caetano Veloso e outro tocou nos Los Hermanos. Por esta formação se percebe o potencial da banda e a razão pela qual têm vindo a despertar grandes elogios do meio musical. Não foi por mero acaso que Rodrigo Amarante dos muito aclamados Los Hermanos os definiu “como se os Talking Heads fossem de Belém do Pará, criados no Rio, de férias no Brooklyn”. Primeiro no Brasil e agora na Europa, os Do Amor apresentam-nos ao vivo o seu álbum de estreia com a forte convicção que esta travessia do atlântico será repetidas vezes sem conta num futuro próximo. São indiscutivelmente músicos excepcionais e dominam grande arte de escrever canções pop, ainda que com uma certa inclinação rock. Interpretando uma excelente tirada de Rodrigo Amarante ficamos logo esclarecidos: “Do Amor é uma dose caprichada da alegria sufocada pelo desejo de ser contundente e profundo, um gole de todo suingue esquecido pela vontade de ser global, uma posta de todo tesão e inteligência dos dedos, sabedoria dos pés”.

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