quinta-feira, 7 de junho de 2012

Festivais Gil Vicente, em Guimarães, decorrem de 06 e 16 de junho
Estreia d’ “As Barcas”, de João Garcia Miguel, marca o arranque dos Festivais Gil Vicente 2012



A continuação de projetos estruturantes e emblemáticos de Guimarães é condição essencial para que esta Capital Europeia da Cultura seja mais do que 2012. Ainda é mais importante quando esses projetos atingem um patamar de qualidade que faz deles uma referência a nível nacional e internacional. É o caso dos Festivais Gil Vicente, que agora comemoram 25 anos de existência ininterrupta. Tendo já percorrido um longo percurso, este Festival assume-se, atualmente, como um palco privilegiado para a apresentação da mais recente produção teatral nacional. Na edição de 2012, os Festivais Gil Vicente decorrem de 06 a 16 de junho e acolhem 5 estreias absolutas.
A estreia da mais recente criação de João Garcia Miguel, “As Barcas”, esta quarta-feira, marca o início de mais uma edição dos Festivais Gil Vicente. Com este espetáculo, João Garcia Miguel regressa ao tema das viagens, baseando-se num conjunto de textos de Gil Vicente (“Auto da Barca do Inferno”, “Auto da Barca do Purgatório” e “Auto da Glória”). Nesta criação, a companhia desenvolveu um sistema de trabalho que se desdobra em duas direções que procura fazer coincidir: a performance e um conjunto de medias e tecnologias interativas que se inscrevem no tempo real. A investida no mundo medieval, nas fontes do teatro europeu e português, inscreve-se no trabalho sobre os textos e os universos clássicos que a companhia João Garcia Miguel tem vindo a desenvolver. É um investimento na investigação num território fértil pela redescoberta que nos traz diferentes perspetivas do mundo. Nessas viagens ao passado comum, encontrámos o conceito medieval, de virar “o mundo às avessas”, para o revelar nos seus detalhes, segredos e subtilezas. “As Barcas” ficará em cena de 06 a 08 de junho, às 22h00, na Fábrica Asa.

A 07 de junho, é a vez do Visões Úteis estrear a sua 41ª criação, “Nióbio”. A peça reproduz a vida de uma recém-nação, a nação Nióbio. Numa espécie de enclave territorial, misto de destroço urbano e barca voadora encalhada, um estranho grupo de personagens decide separar-se do seu país natal e proclamar a independência de um novo Estado. A nova micronação, Nióbio, é constituída por três habitantes, uma banda e uma lagosta. E a banda nem sequer está completa… Para que uma nação seja uma nação a sério tem de ter História, leis e linguagem próprias, e se nada disso existir pode criar-se rapidamente. O novo povo de Nióbio vai implementar todos os procedimentos necessários à validação do recém país, desde a escolha dos símbolos nacionais, à relação diplomática com as organizações internacionais, passando pelas estratégias de sustentabilidade a longo prazo. Mas, apesar de todo o empenho dos seus fundadores, a nação de Nióbio não parece ter grandes hipóteses de futuro. Talvez porque não consegue deixar de replicar os erros que ditaram a degeneração da nação mãe. “Nióbio” estreia no dia 07 de junho, às 22h00, no Centro Cultural Vila Flor, ficando em cena no dia seguinte, no mesmo horário.
No sábado (09 de junho), o Centro Cultural Vila Flor acolhe, a partir das 10h00, “Os Lusíadas”, uma performance única, construída ao longo de quatro anos pelo ator António Fonseca. Uma verdadeira maratona de apresentação do épico poema português em estreia absoluta na cidade de Guimarães. A participação ativa da comunidade vimaranense permitirá criar uma performance que começa no dia 09 e termina a 10 de junho, data em que se assinalam 440 anos da edição d’ “Os Lusíadas”. Como nas grandes obras de música, tudo se encontra contido nesta obra, sub-repticiamente insinuado nos ritmos, nos jogos de palavras, nos fôlegos de pensamento, no humor, no contraste dos andamentos. Neste espetáculo, esta grande estória com História, vai ser contada através de episódios e factos referidos numa viagem profundamente autobiográfica como as mais ingénuas estórias infantis e comunicada pelo ator a partir do coração, que é a forma mais intensa do entendimento.
A segunda semana do Festival constrói-se ao longo de quatro dias de espetáculos. No dia 13, a companhia galega Voadora apresenta “Joane”, uma partitura cénica repleta de poesia, ironia, nonsense, beleza, dança, monstros e música pop, que tem como ponto de partida a figura de Joane, o Parvo do “Auto da Barca do Inferno”. O resultado é uma visão fresca e evocativa da obra vicentina. No dia seguinte (14 de junho), a companhia Cão Solteiro & André e. Teodósio trazem ao Centro Cultural Vila Flor o segundo momento do projeto “Top Models”, estreado no passado mês de março. “Top Models” é um projeto que reflete sobre a forma como alguns nomes marcaram a História e habitam na nossa cabeça mesmo sem os termos alguma vez conhecido. Paula Sá Nogueira, a atriz do Cão Solteiro que é ao mesmo tempo musa, cocriadora e intérprete, é a segunda habitante a tomar uma forma neste projeto, depois de “Susana Pomba (um mito urbano)”. A 15 de junho, a KARNART estreia a sua mais recente criação de perfinst, “Ilhas”. Na linha do premiado “Húmus” (dezembro, 2010), a KARNART apresenta um espetáculo baseado na obra que Raul Brandão escreveu, em 1924, durante uma viagem de dois meses aos arquipélagos dos Açores e da Madeira. “Sonho de uma noite de verão”, do Teatro Praga, encerra a edição de 2012 dos Festivais Gil Vicente, a 16 de junho. Em “Sonho de uma noite de verão”, o Teatro Praga revive o espetáculo “The Fairy Queen” que Henry Purcell compôs a partir da obra de Shakespeare. Uma comemoração festiva em busca da felicidade, uma homenagem ao poder ao som de Purcell, a pensar no verão e no amor, e ao gosto da época, da nossa.
Os bilhetes para os espetáculos podem ser adquiridos no Centro Cultural Vila Flor, em todas as lojas fnac e em www.ccvf.pt, onde é possível consultar todo o programa do festival e restante programação.
Oficina de criação associada ao espetáculo “As Barcas”
Entre 10 e 13 de junho, o Centro Cultural Vila Flor acolhe ainda a Oficina “O Corpo da Memória”, uma oficina de criação associada ao espetáculo “As Barcas”, de João Garcia Miguel. Orientada pelo italiano Antonio Tagliarini, trata-se de uma oficina de criação que se debruça sobre as estratégicas de reconstituição, onde o ponto de partida é a análise crítica de uma série de obras fundamentais da história da dança contemporânea. Este trabalho mais teórico culminará num trabalho prático onde cada participante desenvolverá um pequeno projeto onde trabalhará algumas das formas de reconstituição. A oficina é dirigida a bailarinos, atores, criadores e público em geral, maiores de 16 anos. A inscrição é gratuita, estando apenas sujeita ao pagamento de uma caução no valor de 25,00 euros que será devolvida no final da oficina. As inscrições podem ser efetuadas através do site www.ccvf.pt até ao dia 06 de junho.
Pedidos de acreditação devem ser dirigidos a Bruno Barreto.
O programa completo e detalhado, assim como as fotografias alusivas aos espetáculos dos Festivais Gil Vicente, podem ser descarregados através do seguinte link:

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