quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Mais do que uma história, “Dentro das palavras” é uma fascinante casa dos espelhos que distorce as fronteiras entre narrador e personagem, biografia e ficção.

“Dentro das Palavras” inaugura a programação de Outubro do CCVF
Sábado, 01 de Outubro, às 22h00
DENTRO DAS PALAVRAS
RUI CATALÃO
Pequeno Auditorio do Centro Cultural Vila Flor
Preço 7,50 eur | 5,00 eur c/desconto

No Centro Cultural Vila Flor, Outubro abre com “Dentro das Palavras”, de Rui Catalão, o primeiro de três espectáculos do Tri-Ciclo, uma iniciativa da rede de programação 5 Sentidos, que une o Centro Cultural Vila Flor (Guimarães), o Teatro Municipal da Guarda, o Teatro Maria Matos (Lisboa), o Teatro Virgínia (Torres Novas) e o Teatro Viriato (Viseu), e tem como pretensão valorizar o potencial de criadores emergentes portugueses e promover a sua digressão pelo país.

Em “Dentro das Palavras”, Rui Catalão constrói uma teia de narrativas, uma Casa dos Espelhos onde deixa de ser claro o que é narrador e personagem, biografia e ficção.

Na sua primeira aparição a solo, Rui Catalão é um corpo dentro das palavras, à procura de si próprio. Num labirinto denso de narrativas, “Dentro das Palavras” representa um balanço de dez anos a trabalhar entre os mundos da escrita e do movimento e reflecte sobre o seu progressivo desligamento da linguagem falada como principal meio de expressão, a favor da linguagem corporal.

A palavra inglesa character significa personalidade e personagem. Se imaginarmos um solo intitulado My character, estão criadas as condições para uma peça que pode consistir num retrato psicológico na primeira pessoa (quem sou), mas também denunciar o dispositivo fictício (o que represento). Na língua portuguesa, “personalidade” e “personagem”, tal como “ser” e “representar”, são termos antitéticos. O objectivo deste trabalho é apagar a linha que os separa.

“Dentro das Palavras” materializa um balanço de dez anos a trabalhar na dança, a privar com bailarinos, e teve origem durante o período em que viveu na Roménia e trabalhou no CNDB (Centrul National al Dansului din Bucuresti). Rui Catalão fala sobre a sua vida como escritor e dançarino, reflectindo sobre como o movimento e a linguagem corporal têm vindo progressivamente a substituir a palavra escrita e falada como principal meio de expressão, mas também como a vida do corpo sofre essa mudança.
As dicotomias isolamento-comunicação, ocultação-revelação, estão na matriz do projecto, que procura trazer à superfície um dos dilemas das artes e do pensamento contemporâneo que melhor sobreviveram ao fim do modernismo: a relação entre verdade e ficção, entre personalidade e personagem, entre privado e público.

No próximo dia 01 de Outubro, às 22h00, o Pequeno Auditório do CCVF será o palco deste espectáculo.


Os bilhetes encontram-se à venda no Centro Cultural Vila Flor, nas lojas Fnac e no site www.ccvf.pt onde é possível consultar toda a programação.

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RUI CATALÃO
O trabalho de Rui Catalão tem-se caracterizado pela diletância. Em Portugal, antes do seu primeiro solo, apresentou apenas: Elogio da classe política portuguesa (ZDB, 2004); e Untitled, Still Life (ZDB, 2009) em colaboração com João Galante e Ana Borralho. Na Roménia, apresentou Atît de frageda (2006), Coada soricelului (2007) e Follow that summer (2008), fazendo ainda as séries de improvisação Acum totsi împreuna e Rui (Centrul National al Dansului Bucuresti).
Jornalista do Público nos anos 90 (actualmente escreve sobre literatura para o suplemento Ipsilon), iniciou em 2000 uma colaboração formativa com o coreógrafo João Fiadeiro, que culminou nas peças O que eu sou não fui sozinho e Existência. Trabalhou também com Miguel Pereira (Portugal), Brynjar Bandlien (Noruega), Mihaela Dancs, Manuel Pelmus e Madalina Dan (Roménia). No cinema, é co-autor dos argumentos O capacete dourado (2008) e Morrer como um homem (2009). Como actor participou em A cara que mereces (2006).

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